30 agosto 2005

RENDIDO

Assiti à intervenção do poeta e político Manuel Alegre. Presto-lhe homenagem pelo que disse, pela forma como disse e pela coragem com que o disse.

Mas a verdade é que um político não pode levantar-se e criticar sem uma consequência. Ou, pelo menos, não deve.

Foi, no entanto o que Alegre fez. Levantou-se, falou e... nada. Consequências: zero!

Afinal de contas pareceu muito mais rendido do que dizia no seu conto metafórico do «Expresso». Um homem não se rende, «não seria bonito», dizia ele na altura.

Hoje, Manuel Alegre rendeu-se. Com dignidade é certo, aquela que caracteriza os homens bons. Mas a verdade nua e crua é que se rendeu, precisamente aos aparelhistas e ao aparelho.

Recordo as suas palavras de hoje: «Há mais vida para além do aparelho». Com o seu exemplo, não me parece.

Sem Alegre perdeu a democracia e perdeu Portugal.